Topo

Alemanha

Após planejar cada detalhe, Alemanha tenta entender como deu tudo errado

Hector Vivas/Getty Images
Imagem: Hector Vivas/Getty Images

Marcel Rizzo e Rodrigo Mattos

Do UOL, do Moscou

18/06/2018 04h00

Campeã em 2014, a Alemanha se planejou para evoluir para a Copa seguinte: uma renovação estudada, tecnologia para cada jogador aprimorar, a manutenção de um trabalho de 10 anos. Só que no caminho para a Rússia tudo desandou (pelo menos até agora). Houve crises com jogadores importantes, problemas táticos e uma derrota inesperada na estreia diante do México. A verdade é que agora o discurso indica alemães desorientados, tentando não perder a cabeça.

Simule os classificados e o mata-mata do Mundial
- Neymar S/A: a engrenagem por trás do maior jogador de futebol do Brasil
- De ídolo a homem de negócios, Ronaldo tem tudo a ver com a seleção atual

O principal problema identificado durante a derrota para os mexicanos foi a recomposição defensiva alemã, além de problemas no jogo coletivo de ataque. O diagnóstico de Joachim Low é de que o time não conseguia desenvolver seu jogo, facilitou a marcação rival e permitia a retomada mexicana para o contra-ataque rápido que pegava os germânicos expostos.

"Nós fomos negligentes. Foi bem incomum para esse time. Com o espaço que demos, o rival conseguia botar pressão. Nós passamos a bola em lugares bem confinados. O adversário estava sempre bem perto e não teve dificuldade para tomar a bola. Fomos negligentes e a distribuição de espaço não foi ideal", comentou Low.

Essa postura em campo tem relação com uma série de problemas na preparação. Alguns jogadores-chave não estavam na forma ideal. É o caso de Neuer, Khedira e Ozil.

No caso de Neuer, que estava sem jogar desde o ano passado pelo seu clube, o Bayern de Munique, sua volta resultou na barração de Ter Stegen, que fez ótima temporada pelo Barcelona. Titular durante os últimos meses da Alemanha, Ter Stegen admitiu a decepção. O goleiro campeão mundial voltou apesar de ter ficado quase um ano fora. Na estreia, porém, foi bem, sem falhas.

Já Ozil, ao lado do volante reserva, Gundogan, se envolveu em um caso polêmico antes da Copa. Um encontro com o presidente da Turquia, Recep Erdogan, acompanhado da divulgação de uma foto dos três, gerou severas críticas na Alemanha. Em um jogo amistoso contra a Arábia Saudita, os dois foram vaiados em campo. O político é considerado antidemocrático na Europa.

Foi justamente o meio-campo alemão o setor que comprometeu os alemães. Foram os meias que não forneceram a proteção necessária à defesa, sem pressionar para recuperar a bola após perdê-la para os mexicanos. "Nossa defesa não foi boa, é preciso dizer isso bem claramente. Eu e Boateng ficamos com frequência sozinhos lá atrás", afirmou o beque Hummels.

Com essa atuação bem abaixo do previsto, a Alemanha perdeu em estreia de um campeonato importante, o que não costuma ocorrer. Isso pode atrapalhar todo o caminho planejado para o time na primeira fase, que previa o primeiro lugar no grupo.

"Plano inicial, claro, é não cruzar tão cedo com equipes como o Brasil. Plano agora é vencer o próximo jogo", analisou o diretor técnico, Oliver Bierhoof. Esse é o diretor obsessivo por planejamento que incluiu na preparação germânica o uso de tecnologia para dar feedback a cada jogador com informações de rivais e seus pontos fortes e fracos. Não foi o suficiente para parar os rápidos atacantes mexicanos, como Lozano e Vela.

Para além de uma atuação ruim, especialmente no primeiro tempo, as falhas individuais de alguns jogadores são os principais motivos para preocupação. Tanto que a imprensa alemã até questiona se não deve ser modificada a forma de jogar. Low entende que não, e que o problema foi justamente a Alemanha não ter atuado como de costume. Outras atuações fracas em amistosos, como contra Áustria, podem indicar o contrário.

No final, o objetivo alemão agora é tentar reorganizar a casa sem entender que tudo desandou, como vários sinais indicam. "Não jogamos bem, não conseguimos mostrar nossa forma de jogar. Pode acontecer, acontece. Não vamos nos despedaçar, ficar desorientados, e fazer algo diferente. Vamos manter nossa estrutura. Não vamos entrar em pânico", resumiu Low.

Alemanha