• Júlio Viana*
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  (Foto: Divulgação/Wyss Center)

(Foto: Divulgação/Wyss Center)

Um grupo de cientistas desenvolveu uma tecnologia capaz de "ler" os pensamentos de pacientes paralisados. Analisando os níveis de oxigênio no sangue, o software inovador consegue transmitir mensagens de "sim" ou "não" e representa uma nova esperança para pessoas que há muito não conseguem se comunicar nem mesmo piscando os olhos.

O projeto tem como objetivo ajudar, principalmente, os portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Conhecida como doença de Lou Gehrig, a doença faz com que os braços, pernas, mãos e pálpebras dos pacientes fiquem imobilizados enquanto os pensamentos e sensações continuam a todo vapor. A condição não tem causa ou cura conhecida e afeta os neurônios responsáveis pelos movimentos levando à atrofia muscular. O físico Stephen Hawking é uma das milhares de pessoas que possuem ELA.

A doença ficou mais conhecida pelo público em 2014, por conta do Desafio do Balde de Gelo, no qual celebridades e grandes figuras da indústria da tecnologia jogavam baldes de água gelada na cabeça como desafio para conscientizar as pessoas sobre a causa.

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Um dos maiores problemas enfrentados pelos portadores é a incapacidade de se comunicar quando a doença atinge seu ponto crítico. Apesar de existirem tecnologias capazes de transmitir mensagens diretamente do cérebro, muitas delas parecem depender mais do estímulo elétrico resultante do movimento muscular dos olhos.

Pensando numa solução para isso, o grupo de cientistas se juntou para buscar uma nova forma de captação dos estímulos cerebrais. A pesquisa, publicada no periódico PLOS Biology, expõe uma nova técnica que utiliza raios de espectro próximo ao infravermelho para detectar as flutuações de oxigênio no sangue do paciente.

Segundo eles, existem áreas no cérebro que consomem um grande nível de oxigênio quando ativas, tornado possível a percepção de atividade. Os testes com o novo aparelho foram feitos com quatro pacientes já em fase avançada da ELA. Três deles não eram mais capazes de se comunicar desde 2014, e o quarto perdeu as últimas habilidades em 2015.

Os participantes respondiam perguntas gerais de “sim” ou “não”, entre elas, talvez a mais difícil “você é feliz?”. O computador foi capaz de registrar corretamente as respostas em 70% das vezes — a tecnologia já conhecida, que utiliza estímulos elétricos como base de leitura, não conseguia bater esse índice.

O grupo ainda irá promover mais testes em outros pacientes para ter certeza de que é possível repetir os resultados obtidos. Eles estão confiantes de que representam uma nova chance para pacientes paralisados, dando a possibilidade de pessoas caladas há mais de anos se comunicarem novamente.

*Com supervisão de Isabela Moreira

(Com informações do Science Alert e Science Daily)

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