• Rennan A. Julio
  • Rennan A. Julio
Atualizado em
Elton Felipe Sbruzzi, professor de inteligência artificial do ITA (Foto: Editora Globo)

Elton Felipe Sbruzzi, professor de inteligência artificial do ITA (Foto: Editora Globo)

Na era dos dados, empresas sem estratégia em inteligência artificial correm sérios riscos de sumir do mercado. Esse é o diagnóstico de Elton Felipe Sbruzzi, professor de IA no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e PhD em finanças computacionais pela Universidade de Essex, no Reino Unido. Para o especialista, 2025 é o ano limite para companhias se adaptarem ao mundo pós-IA. “Não pensar na tecnologia agora é um risco muito grande”, diz.

Sbruzzi se apresentou durante o II Fórum de Inteligência Artificial InovaBra, realizado nesta segunda-feira (04/06), no espaço de inovação do Bradesco. Durante a palestra, falou sobre os desafios e oportunidades da IA no mundo dos negócios. Em um futuro repleto de riscos, o professor acredita que parcerias entre universidades e empresas sejam o melhor caminho para se adaptar às mudanças .

Durante sua temporada em Essex, Sbruzzi viu a universidade colaborar com diversas startups britânicas – modelo que considera aplicável no Brasil. Para o professor, parcerias desse tipo são positivas para todos os lados. Para a universidade, é possível testar e criar soluções, com ajuda das empresas. Já a iniciativa privada pode conseguir mão de obra qualificada a partir da infraestrutura das universidades. “É uma interação circular que cria valor para as duas pontas”, diz. Na Inglaterra, demandas de IA são comuns nesse tipo de parceria.

No ITA, Sbruzzi cita o exemplo do Laboratório Big Data Science, área dedicada a fechar projetos com a iniciativa privada. “Nenhum projeto é tão pequeno que não seja interessante para nós, assim como nenhuma proposta é tão grande que não temos condição de atendê-la”, diz. Confira abaixo algumas das oportunidades e desafios de IA apresentados pelo professor durante o painel.

Oportunidades

Eficiência operacional Otimização na alocação de recursos, aumento de empregos complexos (que exigem maior nível educacional). Ao mesmo tempo, diminuição dos empregos com funções mais simples e repetitivas, principalmente na área administrativa. “Softwares vão substituir essa mão de obra em fábricas de automóveis, por exemplo. O advogado que só leva material para o fórum ou o contador que só preenche planilha não vai servir mais. Nós jamais seremos tão eficientes quanto as máquinas em tarefas repetitivas”, diz.

Segurança Com a IA, haverá mais segurança em processos decisórios gerenciais e no acompanhamento de planos e estratégias.

Produtos Inovações em produtos e serviços, a partir de maior compreensão da demanda dos consumidores. “Ao entender esse mapa, empresas poderão criar produtos totalmente personalizados para as pessoas.”

Desafios

Estratégia A inteligência artificial ainda é vista como ficção científica para muitas pessoas. “Acham bacana, mas não é prioridade”, diz Sbruzzi. O desafio, portanto, é que o tema se torne algo primário para os empresários.

Mão de obra Profissionais com expertise em IA e ciência de dados ainda estão em falta no mercado – “são raros e caros”, afirma o professor. Por isso, empresas têm receio em investir nesse tipo de funcionário. Mesmo assim, negócios devem levar em conta que esses são os profissionais do futuro.

Confiança Soluções geradas pelo uso de IA ainda são vistos com desconfiança. “Em carros autônomos, motoristas dirigem com a mão no volante.” Para Sbruzzi, as pessoas tendem a confiar menos em máquinas do que em pessoas. “A máquina não pode errar uma única vez que ela já perde a reputação.” O medo, no entanto, é compreensível. Em 2018, um carro autônomo do Uber matou um pedestre atropelado. “Esse é um passo a ser vencido.”