• Piti Vieira, de Genebra
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O Montblanc Star Legacy Nicolas Rieussec Chronograph  (Foto: Divulgação)

O Montblanc Star Legacy Nicolas Rieussec Chronograph (Foto: Divulgação)

Todo mês de janeiro, varejistas, jornalistas e colecionadores de vários países desembarcam em Genebra, na Suíça, com um convite exclusivo para conhecer em primeira mão as novas coleções de relógios apresentadas na mais prestigiada feira do meio, o Salão Internacional de Alta Relojoaria (SIHH). GQ Brasil esteve presente mais uma vez nos quatro dias de feira (desde o ano passado, o quinto dia é reservado ao público em geral) – e mostra as cinco principais tendências deste universo para 2018 definidas pelas 35 marcas que participam do show.

Reedições vintage
O passado voltou com força total e muitos diretores de criação buscaram inspiração em coleções que já foram sucesso em outra época. É a principal tendência e foi uma maneira que as marcas encontraram para agradar suas bases agora que as nuvens negras da crise dos últimos anos finalmente se dissiparam. Depois dos difíceis 2015 e 2016 – e com a tão sonhada recuperação que apenas começou a se mostrar nos mercados consumidores –, olhar para o passado não só fez sentido, como era uma necessidade absoluta.

A Montblanc, por exemplo, resgatou o notável legado de sua Manufatura Minerva (que completa 160 anos em 2018) em sua linha 1858, inspirada nos lendários relógios profissionais das décadas de 1920 e 1930 destinados ao uso militar e à  exploração de montanhas, incluindo o espetacular Geosphere (conheça aqui nossos modelos preferidos lançados na SIHH2018). A Maison alemã também se inspira na herança dos relógios de bolso da manufatura que foram feitos no final do século 19 e início do século 20 com dois novos modelos de cronógrafos da coleção Star Legacy.

O Montblanc Star Legacy Automatic Chronograph (Foto: Divulgação)

O Montblanc Star Legacy Automatic Chronograph (Foto: Divulgação)

O Montblanc Geosphere (Foto: Divulgação)

O Montblanc Geosphere (Foto: Divulgação)

A IWC é outra marca que aproveitou uma data especial, seu 150º aniversário, para demonstrar toda a extensão de sua experiência. A empresa de Schaffhausen lançou a coleção Jubilee com nada menos que 27 relógios originais baseados em quase todas as principais linhas já fabricadas por ela.

O Portofino Hand-Wound Moon Phase Edition “150 YEARS” da coleção Jubilee da IWC (Foto: Divulgação)

O Portofino Hand-Wound Moon Phase Edition “150 YEARS” da coleção Jubilee da IWC (Foto: Divulgação)

Já a Jaeger-LeCoultre apresentou sua nova coleção inspirada no icônico relógio Memovox Polaris de 1968, que veio para se juntar aos seus outros clássicos. E por falar em tradicional, o foco dos lançamentos da Panerai são releituras dos modelos Luminor – criados em 1949 para as missões subaquáticas da Marinha Real Italiana –, que se tornou marca registrada do design dos relógios da Maison italiana e objeto de desejo mundo afora.

O Memovox Polaris da Jaeger-LeCoultre (Foto: Divulgação)

O Memovox Polaris da Jaeger-LeCoultre (Foto: Divulgação)

Por fim, a Cartier reformulou sua histórica coleção Santos – criada em 1904 pelo próprio Louis Cartier para seu amigo Alberto Santos Dumont poder olhar as horas sem tirar a mão do leme de sua nova invenção –, integrando um movimento interno e uma tonelada de novas melhorias em um relógio que causa uma bela impressão no pulso.

Coleção Santos de Cartier (Foto: Divulgação)

Coleção Santos de Cartier (Foto: Divulgação)

Funcionalidade
Assim como a maioria das empresas do planeta, os fabricantes de alta relojoaria também estão tentando conquistar a parcela da população mundial que até 2025 representará 45% do mercado consumidor de luxo. Estamos falando dos Millenials, que não consomem ou pensam como antigamente. Uma das estratégias da indústria de alta relojoaria está na funcionalidade. A substituição das ferramentas específicas que tornam a troca de pulseiras uma arte por sistemas muito simples são um exemplo deste começo de aproximação com as novas gerações (a Z inclusa). Foi isso que a Cartier fez com a nova coleção do Santos ao incorporar smartlinks que permitem que o usuário troque facilmente os links da pulseira sem precisar recorrer a uma chave de fenda especial.

Santos de Cartier para os millennials (Foto: Divulgação)

Santos de Cartier para os millennials (Foto: Divulgação)

Relógios menores e mais finos
Outra tendência que pretende atrair jovens consumidores e que mostra que a leva de novos CEOs (quase metade das principais marcas trocaram seus diretores gerais há pouco tempo) tem disposição para derrubar os limites da tradicional indústria de alta relojoaria são modelos com caixas menores e mais finas. Fundada em 1860, a Panerai – que nunca se desviou de suas raízes históricas e até hoje fabrica apenas dois modelos cujo DNA são as enormes caixas (veneradas pelos fãs) – lançou este ano o Luminor Due 3 Days Automatic com uma caixa de 38 mm, característica inédita nos relógios da marca. Seguindo o mesmo conceito, a Piaget colocou no mercado o relógio mecânico mais fino do mundo, o Altiplano Ultimate Automatic (4,3 mm).

O Luminor da Panerai (Foto: Divulgação)

O Luminor da Panerai (Foto: Divulgação)

O Altiplano Ultimate Automatic da Piaget (Foto: Divulgação)

O Altiplano Ultimate Automatic da Piaget (Foto: Divulgação)

Preços caindo
Acostumados aos salgados preços da alta relojoaria, os consumidores deste mercado nunca questionaram o valor das peças. Mas a chegada dos Millenials, avessos à ostentação e questionadores do real custo dos produtos, mesmo que tenham muita grana para gastar, fez as marcas baixarem o preço dos modelos de entrada. O Santos, da Cartier, em aço inoxidável, custa a partir de 6.250 euros; o Jaeger-LeCoultre Polaris Automatic sai por 6.600 euros; e o Hermès Carré H será vendido por 7.725 euros.

O Hermès Carré H (Foto: Divulgação)

O Hermès Carré H (Foto: Divulgação)