A transferência do Hospital de Santo Tirso para a alçada da Santa Casa de Misericórdia local, planeada para entrar em vigor a 01 de janeiro, foi suspensa por decisão do Ministério da Saúde, confirmaram hoje responsáveis locais.

Em declarações à agência Lusa o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santo Tirso, José Santos Pinto, disse ter sido “com surpresa” que sexta-feira recebeu uma mensagem eletrónica da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) a dar conta de que o processo tinha sido encaminhado para o Tribunal de Contas.

Já a câmara de Santo Tirso, em comunicado dá conta de que “o processo de transição, previsto para 01 de janeiro, está suspenso”, confirmando que o acordo celebrado entre a Santa Casa deste concelho e o anterior Ministério da Saúde (Governo PSD/CDS-PP) está a aguardar visto do tribunal.

Em causa está o hospital de Santo Tirso, distrito do Porto, que atualmente integra o Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), juntamente com a unidade de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.

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A 16 de dezembro do ano passado foi anunciada a passagem para a Santa Casa de Misericórdia, um processo que tem vindo a gerar várias polémicas e tomadas de posição de vários partidos, bem como de sindicatos.

A Misericórdia de Santo Tirso anunciou a 18 de novembro que passaria a gerir o hospital a partir de 01 de janeiro, mas hoje, a propósito desta decisão do Ministério agora liderado por Adalberto Campos Fernandes (PS) o provedor referiu estar “preocupado” e “desejar que tudo se esclareça rapidamente”.

“Faz esta semana um ano que entramos em negociações. Quando o processo começou a ficar definido, iniciamos contactos com profissionais e também com empresas de fornecimento. O processo estava em curso e temos trabalho feito. Isto resolver-se rapidamente é importante para a estabilidade do hospital, para quem lá trabalha e para quem lá é atendido”, apontou José Santos Pinto.

Em sentido inverso a autarquia liderada pelo socialista Joaquim Couto “congratula-se”, conforme se lê no comunicado, com a decisão do atual Ministério da Saúde, por considerar que “esta é uma boa notícia para a população dos três concelhos abrangidos” pelo CHMA: Santo Tirso, Trofa e Vila Nova de Famalicão.

“Para a câmara de Santo Tirso, é essencial que o Hospital de Santo Tirso se mantenha no Serviço Nacional de Saúde, garantindo a qualidade e equidade de acesso aos utentes. Com a suspensão provisória do acordo de transferência do Hospital de Santo Tirso para a Santa Casa da Misericórdia, a câmara reitera a necessidade de ver a unidade hospitalar a funcionar de acordo com as necessidades da população”, refere a nota da autarquia.

O executivo de Joaquim Couto aponta, ainda, o dedo ao anterior Governo por o considerar “responsável pela contínua perda de valências” na unidade hospitalar em causa, “uma medida que tinha como objetivo evidente”, aponta a maioria socialista de Santo Tirso, “tornar o hospital obsoleto, com o argumento de que, como não produzia, seria necessário entregá-lo à Santa Casa da Misericórdia”.

A agência Lusa contactou o Ministério da Saúde e a ARS-Norte mas até ao momento não foi possível obter um comentário, enquanto o CHMA que preferiu não comentar.