Ruth de Souza (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Carioca, Ruth Pinto de Souza, é considerada a dama negra da nossa dramaturgia e começou sua carreira em 1945, quando passou a integrar o Teatro Experimental do Negro, grupo liderado por Abdias do Nascimento. O grupo foi o primeiro grupo de teatro negro a subir ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro com a peça "O Imperador Jones', de Eugene O'Neill.
Alguns outros espetáculos depois, Ruth estrela "Sinhá Moça", que lhe coroa como a primeira atriz brasileira a ser indicada ao Leão de Ouro, do Festival de Veneza. Famosa também no teatro e na TV, foi a primeira atriz negra a protagonizar uma novela, "Passo dos Ventos", de Janete Clair.
De lá para cá, Ruth de Souza colecionou uma série de papéis de destaque e abriu caminho para várias gerações de atores e atrizes negros do Brasil, como Zezé Motta, Taís Araújo, Camila Pitanga, Lázaro Ramos e muitos outros.
Entre seus últimos trabalhos estavam minissérie "Se Eu Fechar os Olhos Agora", exibida no início deste ano na TV Globo e o videoclipe “A Baobá, com o cantor Junior Danta, protagonista da peça infantil O Príncipe Preto.
Em fevereiro de 2019, Ruth de Souza teve seu talento e trajetória reverenciados durante o desfile da Acadêmicos de Santa Cruz durante o carnaval 2019.
A atriz faleceu neste domingo (28/07/2019) aos 98 anos. Ela estava internada no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D'Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Confira abaixo homenagens de atrizes brasileiras que foram inspiradas por seu pionerismo.
Ruth e Maria Gal (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Maria Gal
Perdemos uma das nossas grandes referências de atrizes negras do Brasil. D. Ruth de Souza tinha o sonho de ser atriz desde a infância, quando chegou a ouvir " Não tem artista preto". Aos 98 anos, ela nos deixa um grande legado. Essa mulher que rompeu barreiras e preconceitos que infelizmente existem até hoje. Imensa GRATIDÃO D. Ruth de Souza. A senhora parte mas deixa nos nossos corações o bastão para avançarmos. Obrigada ETERNA DAMA, PIONEIRA, MAJESTADE.
Ruth e Zezé Motta (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Zezé Motta
Ruth de Souza se despediu de nós na manhã deste domingo. Aos 98 anos nossa amada partiu, deixando um legado, uma história incrível e portas abertas para muitos jovens artistas negros. Foram inúmeros trabalhos que fizemos juntos, já fui filha, amiga, entre tantos papéis em produções que juntas atuamos. Aprendi muito com Ruth, muito mesmo... Há 15 dias atrás tive ainda o privilégio de gravar uma cena com Ruth, para um filme que ainda vai estrear, tenho quase certeza que foi esse o último filme dela, ou seja, Ruth partiu fazendo aquilo que mais amava! Descanse em paz minha amada. Imortal. Lendária. Icônica.
Ruth de Castro (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Beth Goulart
Gratidão Ruth de Souza por seus 98 anos dedicados a arte brasileira, trazendo luz para as consciências da sociedade sobre o preconceito que ainda existe em nosso tempo. Ela foi um farol de talento e coragem, um canto de liberdade e respeito. Reconhecimento, admiração e amor sempre
Ruth e Luana Xavier (Foto: Reprodução/Instagram ) — Foto: Vogue
Luana Xavier
Esse meu encontro com Dona Ruth de Souza foi em junho de 2017.
Ela estava na plateia de um espetáculo de cadeira de rodas, chiquérrima e repleta de jóias.
Estávamos às gargalhadas porque eu comentei com ela o fato de minha avó Chica ter eternamente ciúmes dela. Isso porque meu avô já foi “marido” de Dona Ruth em novelas e por conta disso toda vez que se encontravam, Dona Ruth dizia pra minha avó: “como vai nosso marido?” Eu disse a ela também o quanto seu legado era importante e a reverenciei como toda rainha merece. Dona Ruth recebeu muitas homenagens em vida e isso é fundamental. Que a gente consiga manter esse propósito. De reverenciar nossos mais velhos enquanto eles estão aqui para que possam sentir de perto nosso afeto. Que Dona Iansã com seus bons ventos a acompanhe nessa passagem, Dona Ruth. Irmãos, ganhamos mais uma ancestral.
(Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Pathy de Jesus
Rainha! Descanse em paz. Obrigada por tanto.
(Foto: ) — Foto: Vogue
Elisa Lucinda
“Um sorriso negro“ traz felicidade. Irreverente, maravilhosa, comprometida com a luta de seu tempo, Dona Ruth de Souza, pioneira nas clareiras que abriu com seus contemporâneos numa época pior ainda do que hoje para os pretos atores, lutou bravamente por nossa liberdade de escolhas e atuações .
Estivemos em sua casa eu e @geovanapires_ este ano, pra uma conversa sobre nosso Solano Trindade, poeta raro e ativista que ficou acolhido na casa dela nos duros tempos da ditadura. ”Desde que comecei a trabalhar, nunca fiquei sem trabalho, até hoje”, nos disse ela, no auge de seus chiquérrimos 98 anos, em sua linda casa no Flamengo ainda em abril deste ano. Salve Dona Ruth, saravá sua banda. Caminhamos sobre seus ensinamentos e sua voz e arte não morrerão.
(Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Suzi Pires
Dona Ruth, 98 anos de batalha, de talento, de superação. Uma mulher que deixa um imenso legado a todas nós. Inspiradora, quebrou padrões e estabeleceu seu espaço como uma das maiores atrizes do país. Mulher negra da arte, da luta que vai fazer muita falta a todas nós. Que ela seja bem recebida nós céus! Descanse em paz, incansável Ruth de Souza.
Muito emocionada que ela partiu. Muito mesmo. Perdemos uma grande força feminina.
(Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Vogue
Sabrina Fidalgo
Dona Ruth de Souza, que tive a honra de conhecer e conviver em diferentes momentos da minha vida, é um monumento das Artes-cênicas brasileira e, sobretudo, da resistência afro-brasileira. Uma mulher que começou a atuar no cinema brasileiro ainda nos anos 40, que o integrou TEN - Teatro Experimental do Negro e foi a primeira atriz negra a protagonizar uma novela na história da TV brasileira, em “A Cabana do Pai Tomás” (sofrendo, inclusive, revezes por parte de atrizes brancas no elenco que se recusavam a ter seus nomes nos créditos vindo depois do dela) merece honras de estado. Dona Ruth foi uma verdadeira primeira dama do teatro, cinema e TV que representou com dignidade a maioria da população brasileira, que sempre foi ignorada no próprio país. Passou por todas as situações terríveis do racismo, mas seguiu digna, vencedora e amada. Uma diva, culta, cinéfila, fina, sabia tudo sobre cinema, sua memória era prodigiosa. Gostava de coisas belas e refinadas, era maravilhoso poder ouvi-la. Deus abençoe a rainha! Palmas para ela!
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