• Da Redação
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Claudio Sassaki (o segundo da esquerda para a direita) (Foto: Marina Salles)

Claudio Sassaki (o segundo da esquerda para direita) (Foto: Marina Salles)

“O empreendedor que deseja ganhar dinheiro e, junto com isso, encontrar uma maneira de mudar o mundo, tem diversos caminhos. E o mais fácil deles é apostar no empreendedorismo social e em soluções que resolvam problemas da sociedade”.

A frase, dita em tom professoral, é de um empreendedor brasileiro: Claudio Sassaki, fundador da startup Geekie. Nesta quinta, 20/03, ele esteve no 8º Congresso GIFE – principal encontro sobre investimentos sociais no Brasil – e contou como colocou sua vontade de empreender a serviço da educação.

Depois de trabalhar durante dez anos no mercado financeiro, o arquiteto, formado pela Universidade de São Paulo, decidiu abandonar a carreira para investir em algo novo. Ele, que tinha feito MBA em Stanford, na Califórnia, deixou o cargo de vice-presidente em um banco estrangeiro e fundou a Geekie. A empresa oferece produtos adaptados ao aprendizado individual.

Sassaki explica que o primeiro passo antes da aplicação efetiva da ideia foi reconhecer que as pessoas não aprendem da mesma forma. Com base em um algoritmo criado pelo empreendedor e sua equipe, a Geekie lançou dois grandes produtos. O GeekieLab permite ao aluno diagnosticar suas dificuldades e receber sugestões de estudos focados, sendo que a outra solução criada pela empresa gera uma previsão de resultados em grandes vestibulares como o ENEM. Nos dois casos, após fazer uma prova virtual, o estudante recebe um relatório personalizado sobre o seu desempenho.

Em 2013, dois meses antes do ENEM, o acesso ao produto de previsão de resultados em vestibulares foi disponibilizado pela Geekie a todos os estudantes brasileiros sem nenhum custo. Na época, o portal recebeu mais de 2 milhões de acessos, sendo que cada usuário permaneceu em torno de duas horas e vinte minutos conectado ao servidor da empresa. Hoje, o GeekieLab atende a 400 escolas particulares e a cada venda do modelo disponibiliza a plataforma para uma escola pública gratuitamente.

Investimento social privado

O dinheiro para investir no desenvolvimento do negócio veio em um primeiro momento de capital próprio de Sassaki e seu sócio, Eduardo Bontempo. No entanto, hoje, além da obtenção de recursos por meio da comercialização de seus serviços, a Geekie é financiada por instituições sem fins lucrativos.

Com 20% de participação na empresa, o Instituto Inspirare foi um dos grandes responsáveis por alavancar a startup no início de sua operação. O presidente da fundação familiar que investe na melhoria da educação no Brasil, Bernardo Gardin, foi quem apostou no negócio de impacto social. Hoje, todo o dinheiro proveniente da participação é reinvestido em projetos de cunho social.

“Em busca de recursos para continuar o negócio, conheci o Gardin. Presidente do Instituto, ele se ofereceu para custear metade da folha de pagamento da Geekie por três meses e depois desse período poderíamos formalizar ou não um contrato. Se a parceria não desse certo, o dinheiro investido na startup terminaria sendo só uma doação”, diz Sassaki. Atualmente, as duas instituições têm um contrato formal.

De acordo com o fundador da Geekie, receber apoio pessoal e financeiro do fundo de investimento do Instituto Inspirare foi essencial para a consolidação da empresa. Hoje a startup tem uma parceria firmada com o Ministério da Educação, que possibilita o cruzamento de dados entre os exames reais do ENEM e os testes oferecidos na plataforma adaptada. Com esse avanço, espera-se que as previsões feitas pelo sistema sejam cada vez mais próximas ao desempenho real dos alunos.