Economia

Prefeitura do Rio quer usar Google Glass e app de trânsito Waze para monitorar a cidade

Segundo o prefeito Eduardo Paes, proposta sobre o uso do Glass já foi feita à Google

O prefeito Eduardo Paes no Centro de operações Rio: Google Earth é a base das técnicas de monitoramento. Foto: Gustavo Pellizzon
O prefeito Eduardo Paes no Centro de operações Rio: Google Earth é a base das técnicas de monitoramento. Foto: Gustavo Pellizzon

RIO — O Rio poderá ser a primeira cidade do mundo a ter o Google Glass (óculos inteligentes de realidade aumentada) como ferramenta oficial de utilidade pública. Falando ao GLOBO, o prefeito Eduardo Paes contou que já propôs à gigante de buscas adotar o Glass como mais um recurso do COR (Centro de Operações Rio), que já usa softwares como Google Earth e Mapas para monitorar a situação do clima, do trânsito e de áreas de risco na cidade.

— Agentes da prefeitura na rua poderão usar o Glass para dar mais agilidade às suas operações, recebendo informações diretamente nele — disse Paes por telefone, nitidamente animado com a perspectiva.

O prefeito também pretende adotar o aplicativo móvel Waze — em que os próprios usuários informam as condições do trânsito — para reforçar o monitoramento do tráfego pela CET-Rio no COR. Criado em Israel, o app foi comprado pela Google na terça-feira por valor estimado em mais de US$ 1 bilhão .

A adição do Waze pode ser uma arma no combate a nós no trânsito, como o que aconteceu na terça-feira, em que a queda da carga de um caminhão na Avenida Brasil parou o tráfego da cidade por horas.

— A base das atividades do nosso Centro de Operações é a tecnologia da Google, através do Google Earth e outras ferramentas. Temos interação total com eles, e todas as aplicações de trânsito, radar de chuvas, Defesa Civil, enfim, praticamente todo o monitoramento passa por esses recursos — afirma Paes. — Eu mesmo mantenho uma tela em meu gabinete, onde acompanho em tempo real muitas das ações do COR.

Segundo Pedro Junqueira, chefe executivo de operações do COR, o Waze poderia trabalhar em conjunto com as mais de cem camadas de aplicações de localização já utilizadas no centro.

— Por exemplo, temos a camada da s câmeras; a que mostra onde estão os guardas municipais; a camada onde se encontram os caminhões da Comlurb; a que exibe transformadores da Light com possíveis problemas; e assim por diante — explica Junqueira. — No caso do Waze, o input fornecido pelos usuários do aplicativo cria uma malha que pode ser reunido com as câmeras da CET-Rio e dados do Google Traffic para obter informações ainda mais precisas.

Considerando que, segundo informações da própria prefeitura, só a Avenida Brasil está saturada, com 225 mil veículos circulando diariamente, qualquer ajuda extra seria bem-vinda no trânsito carioca.

O Glass, por sua vez, poderia fornecer diretamente para óculos dos guardas municipais chamadas potenciais do 1746 (número de atendimento ao cidadão pela prefeitura) ou relatos sobre as características do local onde o agente se encontra (por exemplo, uma área em que o furto de carros é constante).

— Mas isso ainda vai levar algum tempo, pois o Glass ainda é um fetiche até para os próprios funcionários da Google — diz Junqueira. — Uma equipe esteve aqui no COR não faz muito tempo e só um deles tinha visto o gadget.

A interface do centro com a Google se dá remotamente e também através de representantes da empresa no Brasil. Outro plano da prefeitura é usar a ferramenta Google Coordinate para agilizar as respostas aos diferentes problemas na cidade) — aplicação de gerenciamento móvel que permite delegar tarefas em tempo real e melhorar o tempo de resposta a acidentes, chuvas, engarrafamentos e afins.

Segundo Fabio Andreotti, diretor do Google Enterprise - Geospacial e Buscas para a América Latina, a prefeitura do Rio usa o Google Earth (versão Enterprise) há dois anos e meio, a partir de uma demanda inicial de reunião de fotos aéreas do município; depois foram acrescentadas informações de vários órgãos, como Guarda Municipal, CET-Rio, Comlurb e por aí vai.

— Tudo isso vai para uma tela única, que é chamada Common Operational Picture — diz Andreotti. — O processamento dessa massa de dados pode ser feito em nossos data centers ou nos servidores do próprio cliente. No caso do COR, ele usa sua própria infraestrutura para hospedar os dados. E a ferramenta está em constante evolução — por exemplo, as áreas de risco da cidade já estão todas mapeadas em 3D, e podem ser feitas simulações pré-eventos, como no caso de fluxos de trânsito potencialmente complexos.

De acordo com o executivo, a geoinformação, se aplicada corretamente nas situações de emergência, pode ajudar a reduzir o número de vítimas.

— Estudos em Londres mostraram que essa reunião de dados e as respostas em tempo real baseadas na análise geoalimentada podem salvar cerca de 150 vidas por ano — diz Andreotti. — Em eventos como a Copa das Confederações, que começa esta semana, sem dúvida é um trabalho importante.

O custo do Google Earth Enterprise varia conforme o tipo de instalação, segundo Andreotti, que não revela o investimento feito pela prefeitura no software.

A manutenção da operação COR como um todo custa, aproximadamente, R$ 1,5 milhão por mês.